Choro para Berilo
Quero lembrar o poeta
na vida que ele vivia,
não na merda dessa morte
que o levou a revelia.
Quero lembrar o poeta
erguendo taças de vinho,
amando Maria Emilia
e sendo amado painho.
Quero lembrar o poeta
cantando um samba canção
de Lupiscínio Rodrigues
destroçando coração
(ai, poeta, o coração
é musculo que arrebenta
às cinco da madrugada
sem poesia ou clarineta).
Quero lembrar o poeta
do jeito que ele era:
sarcástico como uma flor,
suave, estranha fera,
olhos claros de Berilo,
cabeleira leonina,
ardor de quem ama a vida,
timidez beneditina,
equilíbrio dos contrários,
água e vinho em mesma taça,
o connaisseur de cognac,
o bebedor de cachaça.
Quero lembrar o poeta
solfejando Pixinguinha
relendo seu Dom Quixote,
pensando em ilhas marinhas,
na ressaca e na ressaca
do claro mar da Redinha.
Quero pedir o que posso:
- Não vá, não, meu poetinha.
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Um comentário:
Grande poeta, grande poema, grande homenageado.
Envio um abraço ao blogueiro,
do amigo,
Fabiano.
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