sábado, 27 de dezembro de 2008

POESIA DE NEWTON NAVARRO

A CADEIRA
O alto corpo se curva,
Quebram-se as linhas
E partidas formas lentas
Se debruçam.
Do vivo traço que era, de pé,
Como haste, erguido,
Em três planos se dispersa.
Vivo olhos, agudamente,
Percorrem a sala sem lume...
Dois seios pulsam, solenes.
As mãos uma flor seguram
Suspensa sobre o regaço.
E o sexo e a flor se ocultam
No sem espaço da curvas.
Pernas suspendem ligeiras,
Os pés, e as alpargatas
Caem no vazio onde foram
Sólidas raízes do corpo
Que a cadeira despedaça.
E na sombra
Sem movimento,
Todo o corpo adormecido
Sobre o corpo da cadeira
Mulher de amor ausente,
Talha na sombra envolvente
Vivo relevo de carne
Inútil sobre a madeira.

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