BEM-TE-VI
Todas as tardes, sempre à mesma hora,
vem visitar-me um passarinho amigo...
canta cantigas que eu cantava outrora,
canta coisas que eu sinto, mas não digo.
De onde ele vem, não sei; nem onde mora;
De onde ele vem, não sei; nem onde mora;
se lembranças me traz, guarda-as consigo.
Sinto, no entanto, quando vai-se embora,
que a minha alma não quer ficar comigo.
Hoje tardou... Há chuva nos caminhos,
Hoje tardou... Há chuva nos caminhos,
mas chuva não faz mal aos passarinhos
e ele há de vir, a tarde festejando...
Lá vem ele, ligeiro como um sonho...
Lá vem ele, ligeiro como um sonho...
canta coisas tão minhas, que eu suponho
ser o meu coração que vem cantando.
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